23 outubro 2014

Perecerão os que nunca ouviram do Evangelho?

David N. Steele & Curtis C. Thomas

Todos os homens são culpados diante de Deus por duas causas. Primeiro, por causa do pecado de Adão, que foi imputado a todo o gênero humano; e segundo, por causa dos próprios pecados cometidos ao transgredir a lei de Deus. A única forma em que os pecadores podem ser livres da culpa é por meio de sua fé em Cristo Jesus. Mas, e aqueles que nunca ouviram falar de Cristo e, portanto, não podem crer nEle? Estão perdidos? Perecerão no Inferno? A resposta de Paulo é: sim! Pois como explica em Rm 10:14-17, a menos que o Evangelho seja pregado aos perdidos (isto inclui a todos os perdidos, tanto pagãos como os judeus), e estes creiam nEle, eles não poderão escapar da ira de Deus. Referindo-se a Cristo, Pedro declara: “e não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12, ARA).

Aqueles que não viveram debaixo da iluminação da Palavra de Deus, não serão julgados de maneira tão rígida como aqueles que viveram sob esta Palavra, entretanto, recusam ouvir as suas advertências e aceitar as suas promessas. Isto é o que Cristo nos ensina em Lc 12:47-48: “aquele servo, porém, que conheceu a vontade do seu Senhor, não se preparou, nem obedeceu conforme a sua vontade, receberá muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.” Como Charles Hodge disse: “os homens serão julgados pela luz que desfrutaram individualmente. A base do juízo são as suas obras; a regra para julgá-los é o seu conhecimento.”[1] Sendo que os pagãos pecam contra Deus por transgredir a lei escrita em seus corações, é óbvio que perecerão, a menos que alguém lhes leve a mensagem de Cristo; pois, não há justificação para os pecadores, senão pela fé em Cristo. Deus salva aos seus escolhidos por meio do Evangelho de Jesus Cristo; e são chamados externamente pela mensagem evangélica e interiormente pelo Espírito Santo, que lhes capacita a crer na mensagem. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o principio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Ts 2:13-14, ARA).

Há quem crê que aqueles que nunca ouviram o Evangelho não poderão ser condenados. O seu argumento é de que “Deus não pode ser tão injusto ao condenar para o Inferno aqueles que nunca tiveram a oportunidade de aceitar ou rejeitar a Cristo.” Todavia, os mesmos que assim falam defendem o envio de missionários àqueles que ainda não ouviram o Evangelho e que, segundo o seu ponto de vista, não podem ser condenados. Parece contraditório manter a ideia de que o paganismo está seguro porque não ouvem o Evangelho, e ao mesmo tempo apoiar o movimento missionário; pois se os pagãos não podem ser condenados sem antes ouvir o Evangelho, e se depois de haverem ouvido alguns deles o rejeitam, então, não devemos pensar que os missionários, em lugar de levar a esperança e possibilidade de salvação ao pagão, lhes levam somente a condenação para aqueles que rejeitam a Cristo depois de haver ouvido a mensagem? Mas como Paulo demonstra em Romanos, os homens se perdem não porque rejeitam a Cristo, mas por causa dos seus pecados. E, se vão crer no Evangelho de Cristo, que lhes liberta da culpa do pecado, deverão primeiro ouvi-lo. Portanto, o envio de missionários é absolutamente um imperativo, se quisermos que o incrédulo seja salvo.

A Escritura guarda silêncio quanto à salvação daqueles que são incapazes de compreender e crer no Evangelho (isto é, as crianças e os doentes mentais, etc.). Mas, é suficiente conhecer e saber que o Juiz do mundo fará o que é correto. Que estes necessitam da salvação está claro pelo fato de que a raça humana foi contaminada com o pecado de Adão (Rm 5:12-19); mas não nos diz nada a respeito da provisão feita por eles. Uma coisa é certa: se forem para o céu, terão que ir pelos méritos de Cristo, e não por serem inocentes, ou por estarem livres da culpa. Quando consideramos este assunto devemos ter em conta as palavras de Dt 29:29: “As coisas secretas pertencem ao SENHOR o nosso Deus; mas as reveladas são para nós e para os nossos filhos”.

NOTA:
[1] Charles Hodge, Romans - Geneve Series of Commentaries (Edimburgh, The Banner of Truth, 2009), p. 53.

Extraído de David N. Steele & Curtis C. Thomas, Romanos Un Bosquejo Explicativo pp. 121-123.
Tradução livre:
Rev. Ewerton B. Tokashiki

10 outubro 2014

O conceito calvinista da graça comum

Escrito por H. Henry Meeter

O estudo da vida humana, particularmente tal como se manifesta entre os pagãos e incrédulos, oferece um problema realmente sério. Por um lado, na Bíblia encontramos afirmações que, aparentemente, descrevem aos pagãos e aos não crentes como aborrecedores de Deus, incapazes e ausentes de desejo de fazer o bem e inclinados a toda iniquidade, ou seja: totalmente depravados. Por outra parte, entre estes pagãos e não crentes descobre-se um modo de vida que parece desmentir a avaliação bíblica. Calvino faz referência a este tipo de vida, e ao problema que o envolve, com estas palavras tão significativas: "se cremos que o Espírito de Deus é a única fonte de verdade, não rejeitamos, nem depreciamos esta verdade onde quer que ela se manifeste ... . Negaremos a luz da verdade aos antigos legisladores que promulgaram princípios tão justos de ordem civil e político? Diremos que os filósofos eram cegos em sua penetrante reflexão e na descrição científica que nos fazem da natureza? Poderemos dizer que eles, que pela arte da lógica nos ensinaram a falar de um modo consistente com a razão, estavam eles mesmos destituídos de entendimento? Acusaremos de loucura a todos que afanados no estudo da medicina obtiveram vantagens e benefícios para toda a humanidade? O que diremos dos matemáticos? Consideraremos as suas conclusões como devaneios de pessoas dementes? Certamente que não; pelo contrário, leremos com grande admiração os escritos dos antigos sobre estes temas; os elogiaremos porquanto não poderemos descobrir o caráter verdadeiramente excelente deles. E não admitiremos que tudo o que louvável e excelente procede de Deus?”

[Para ler o texto completo CLIQUE AQUI]

02 outubro 2014

Pressionando as antíteses - Greg L. Bahnsen

O texto que segue é um extrato de “O grande debate: Deus existe?”, um debate formal entre o Dr Greg L. Bahnsen e o Dr Gordon S. Stein promovido na Universidade da Califórnia (Irvine) em 2 de Fevereiro de 1985. O Dr Bahnsen inicia o interrogatório:

Dr Bahnsen: “Todas as perguntas se respondem da mesma maneira sobre os fatos concretos?”

Dr Stein: “Não, se respondem usando certos métodos, ainda que sejam os mesmos – raciocínio, lógica, apresentação de evidência e fatos.”

Dr Bahnsen: “Muito bem. Escutei você mencionar uniões lógicas e contradições lógicas em seu discurso. Você realmente disse isso?”

Dr Stein: “Sim, eu o disse. Eu utilizei essa frase sim.”

Dr Bahnsen: “Então, você crê que existem as leis da lógica?”

Dr Stein: “Absolutamente.”

Dr Bahnsen: “São universais?”

Dr Stein: “Estas são acordadas por seres humanos. Não são leis que existam na natureza. São consensuais.”

Dr Bahnsen: “Então, são simplesmente convencionalismos?”

Dr Stein: “São convencionalismos, mas são convencionalismos que são auto verificáveis.”

Dr Bahnsen: “São leis sociológicas ou leis de pensamento?”

Dr Stein: “São leis de pensamento, as quais são interpretadas por homens e promulgadas por homens.”

Dr Bahnsen: “São material na natureza?”

Dr Stein: “Como poderia uma lei ser material na natureza?”

Dr Bahnsen: “Esta é uma pergunta que eu lhe faço.”

Dr Stein: “Eu diria que não.”


Moderador: “Dr Stein, agora você tem oportunidade para interrogar ao Dr Bahnsen.”

Dr Stein: “Dr Bahnsen, você chamaria a Deus de material ou imaterial?”

Dr Bahnsen: “Imaterial.”

Dr Stein: “O que é algo imaterial?”

Dr Bahnsen: “Algo que não se estende no espaço.”

Dr Stein: Poderia me dar um exemplo de outra coisa que não seja Deus, e que seja imaterial?”

Dr Bahnsen: “As leis da lógica.”

Moderador: “Peço que a audiência tranquilize-se, por favor. Por favor. Refreiem as risadas e aplausos. Podem tranquilizar-se, por favor.”



Greg L. Bahnsen, Preparate para la buena batalla (Powder Springs, American Vision, Inc., 2013), pp. xix-xx.
Traduzido em 2 de Outubro de 2014.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-JiParaná – RO.