28 dezembro 2007

resenha: Karl Barth’s Theological Method

Uma breve resenha
A minha resenha não tem a pretensão de ser acadêmica, mas suficientemente precisa para atrair a atenção dos leitores hábeis em inglês para que considerem a possibilidade de planejarem a aquisição e estudo do livro Karl Barth’s Theological Method de Gordon H. Clark. O perfil teológico do autor é inequivocamente como sendo a de um reformado conservador.[1] Ele adota a estrita teologia da reforma. A abordagem que Clark realiza não somente da metodologia, mas das premissas e das conclusões de Karl Barth expressam a sua postura de clara discordância com a neo-ortodoxia.

Creio que alguns motivos tornam necessária a leitura desta obra. Considerando que:
1. O próprio Barth é renomado teólogo e tem alguns dos seus livros publicados em português, bem como vem sendo lido pelos estudantes brasileiros de teologia e curiosos desavisados carecendo assim, de um roteiro confiável para que se entenda quem realmente é este teólogo suíço;
2. Karl Barth é lido e divulgado por professores em muitas instituições teológicas brasileiras, inclusive presbiterianas, sem que se ofereça um livro-texto de crítica duma perspectiva reformada conservadora ao seu pensamento;
3. O Dr Clark supre a necessidade de uma obra que desmistifique a figura que fazem de Karl Barth como teólogo e de sua prolixa produção literária;
4. Tanto nos EUA como no Brasil tem ocorrido uma predileção pelos estudos barthianos. No prefácio[2] o Dr. John W. Robbins observa que “por várias décadas em meados deste século, Barth tornou-se um centro de atração na feira das vaidades teológicas e, embora a sua influência tenha diminuído, ela ainda não desapareceu. De fato, a Karl Barth Society of North America foi fundada, em 1974, e está florescendo, conforme vários relatos de muitos neo-evangélicos, alguns de que estando na (neo) Evangelical Theological Society estão tentando reviver o defunto e corpus Barthiano”. O que Robbins disse em 1997 do cenário teológico americano, parece ocorrer no brasileiro, de fato, citar Karl Barth enriquece a “feira das vaidades teológicas”.
5. Tanto a Princeton University como outros centros acadêmicos teológicos nos EUA e na Europa têm dedicado bibliotecas direcionadas apenas aos estudos barthianos evidenciando o contínuo interesse de reforçar esta área de pesquisa;[3]
6. O livro Karl Barth’s Theological Method poderia servir de leitura complementar do curso de teologia, ou ainda, seria um útil e esclarecedor texto para a disciplina de Teologia Contemporânea lecionada em nossos seminários teológicos.

Para avaliar algumas fraquezas da obra do Dr. Clark indico a leitura da resenha do teólogo barthiano Dr. John C. McDowell.[4] Em sua apresentação como docente da School of Divinity da The Univeristy of Edinburgh ele deixa explicitamente transparecer o seu compromisso com a teologia de Karl Barth, em declarações como “inspirado como tenho sido pelo encontro com os escritos do teólogo suíço Karl Barth”, e ainda “a rica teologia da Karl Barth”, ou quando diz do seu “interesse de ter um compromisso frutífero com a teologia de Karl Barth”. Possuindo um tão claro vínculo com a neo-ortodoxia barthiana dificilmente o Dr. McDowell poderia ser imparcial em criticar Karl Barth’s Theological Method de Gordon H. Clark.[5] Entretanto, é útil a leitura da sua resenha para uma comparação de perspectivas.


Sobre o autor
O Dr. Gordon Haddon Clark filósofo e teólogo presbiteriano dos EUA, foi filho e neto de pastores presbiterianos. A sua graduação foi em B.A. em língua francesa, em 1924, e o seu Ph.D. especialidade em filosofia, em 1929, ambos na Pennsylvania University, e também fez outros estudos em Sorbonne, Paris. Ele lecionou na Pennsylvania University entre 1924 a 1936, e também no Reformed Episcopal Seminary, entre 1932 a 1936. Ele se transferiu para Wheaton College, em 1936, e a partir de 1945 ele trabalhou como professor de filosofia e presidente na Butler University e nela permaneceu até 1973.

Durante a transição entre a sua saída do Wheaton College e ida para a Butler University ele procurou ser ordenado ministro da Orthodox Presbyterian Church, denominação que ele auxiliou organizar com J. Gresham Machen, em 1936. O seu exame para ordenação foi realizado pelo tradicional Philadelphia Presbyterian, em 1944. Após a sua ordenação, além de pastorear ele também ensinou filosofia, entre os anos de 1974 a 1984, no Covenant College, e também no Sangre de Cristo Seminary. O Dr. Clark faleceu em 1985.

Ele escreveu mais de quarenta livros e aproximadamente duzentos artigos em revistas acadêmicas. Os seus escritos cobrem especialmente as áreas de filosofia, teologia e comentários populares do Novo Testamento. O Dr. John W. Robbins tem reeditado e publicado as obras do Dr. Clark pela The Trinity Foundation [ http://www.trinityfoundation.org/ ].

Mais informações sobre Gordon H. Clark podem ser verificadas em:
1. John W. Robbins, ed., Gordon H. Clark – Personal Recollections (The Trinity Foundation, 1989).
2. W. Gary Crampton, The Scripturalism of Gordon H. Clark (The Trinity Foundation, 1999).
3. Herman Hoeksema, The Clark-Van Til Controversy (The Trinity Foundation, 2005).
4. http://www.gordon-clark.blogspot.com/


Excursus
O Dr John W. Robbins declara que "em vinte e cinco anos publicando as obras do Dr. Gordon H. Clark encontrei poucas pessoas - e conversei com muitas outras - que antipatizam intensamente Gordon Clark -, sem nunca terem lido qualquer um dos seus livros. Em muitos casos estas pessoas foram inoculadas contra o Dr. Clark pelo Dr. Van Til, ou algum de seus estudantes. É lamentável que esta animosidade continue 60 anos após ter iniciado a controvérsia Clark-Van Til; é trágico que os professos discípulos do Dr. Van Til continuem difamando e distorcendo o Dr. Clark e obscurecendo as suas importantes contribuições tanto na filosofia como na teologia cristã. O Dr. Hoeksema percebeu com clareza qual das partes advogava a posição bíblica nestes quatro ensaios sobre a controvérsia, que exige extraordinário entendimento - ou lealdade pessoal limitando a idolatria - para outros que não podem perceber tão claramente após meio século. Esperamos que este pequeno livro auxilie o seu entendimento, e que se reúna conosco para promovermos uma consistente fé cristã. É a nossa esperança que os discípulos do Dr. Van Til finalmente reconheçam os seus erros, e findem com a sua oposição contra a filosofia cristã do Dr. Clark."

P.S.* Extraído de John W. Robbins, postscript in: Herman Hoeksema, The Clark-Van Til Controversy, pág. 103.


O conteúdo do livro
Prefácio
1. Introdução
Quatro pontos de vista
Uma dificuldade dos críticos
A Palavra de Deus

2. Modernismo
O Modernismo exalta o homem
Barth exalta a Deus
O conceito de Deus
Doutrinas derivadas
Barth e Hitler
3. O Método da Dogmática
A Igreja e o Mundo
A Norma da Lógica
Normas duas a cinco
Pressuposição
Ciência, Teologia e Igreja

4. Prolegomena e Apologética
Existe uma possível Apologética?
Base comum
A imagem de Deus no homem
5. Linguagem e conhecimento
O raciocínio de Barth
Hesitação
Um argumento acerca do Dogma
Proposições e palavras
Ceticismo
6. A Palavra de Deus em sua tríplice forma
A Palavra de Deus como pregação
A escrita Palavra de Deus
A revelada Palavra de Deus
A unidade das três formas
Deus falou?
Contemporaneidade

7. Revelação verbal
A afirmação de Barth e a negação da autoridade bíblica
A visão de Barth sobre inspiração
História da doutrina
Um Cristianismo funcional
Index


Notas:
[1] A declaração das convicções do Dr. Clark pode ser observada mais explicitamente em seu comentário da Confissão de Fé de Westminster chamado What Do Presbyterian Believe?
[2] John W. Robbins, Prefácio in: Gordon H. Clark, Karl Barth’s Theological Method, pág. vii.
[3] http://libweb.ptsem.edu/collections/barth/Default.aspx?menu=296&subText=468 acessado em 28/12/2007.
[4] http://www.geocities.com/johnnymcdowell/Review_Clark.htm acessado em 28/12/2007.
[5] http://www.div.ed.ac.uk/jcmcdowell acessado em 28/12/2007.


Bibliografia
CLARK, Gordon H., Karl Barth’s Theological Method (The Trinity Foundation, 1997), 277 págs.

Rev. Ewerton B. Tokashiki

22 dezembro 2007

O significado do batismo cristão

1. Através da morte do Senhor
O significado do sacramento do batismo é declarado claramente em Rm 6:1-5. O batismo cristão representa a morte de Cristo. É por meio de sua morte que temos a purificação dos nossos pecados e a nova vida que a regeneração nos proporciona.

Paulo disse "que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum. Como viveremos, ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo: para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente os seremos também na semelhança da sua ressurreição" (Rm 6:1-5).

O batismo cristão representa a morte de Cristo na cruz. Tal como no Antigo Testamento a aspersão de sangue nos diferentes "batismos" simbolizava a identificação do adorador com a vítima oferecida em sacríficio como o seu representante, assim agora o uso da água no batismo simboliza o corpo de Cristo manchado com sangue enquanto estava pendurado na cruz. Quando um adulto, que não foi criado "na disciplina e admoestação do Senhor" aceita a Cristo e é batizado, diz publicamente: "aceito a morte de Cristo na cruz como purificação do meu pecado." Quando levamos os nossos filhos diante da igreja e os batizamos no batismo cristão dizemos ao mundo: "aceitamos para nós e nossos filhos a expiação de Cristo, e prometemos criá-los de tal maneira que sejam induzidos e persuadidos a aceitar a Cristo como o seu Salvador pessoal."

2. Não representa a sepultura do Senhor
Em parte alguma das Escrituras se diz que o batismo cristão represente a sepultura do Senhor. A expiação foi consumada na cruz. Quando ele morreu naquele lugar em nosso favor, as suas palavras "está consumado" certamente ensinam que nada poderia ser acrescentado a sua obra expiatória. Ele foi sepultado literalmente, simplesmente por que estava literalmente morto na cruz. A sua sepultura torna a sua morte vívida e real em termos de experiência humana; mas, a sua sepultura não acrescentou nada a expiação. Não somos batizados pela sua sepultura; cerimonialmente somos sepultados ou marcados como pessoas mortas por causa de sua morte na cruz. O nosso batismo representa a nossa sepultura, não a de Cristo.

3. Não representa a ressurreição de Cristo
Em parte alguma das Escrituras se diz que o batismo cristão represente a ressurreição do Senhor. O argumento em Rm 6 é que no batismo temos simbolizado a nossa aceitação da morte de Cristo na cruz, na verdade tivemos uma sepultura simbólica de nós mesmos para significar a sua morte expiatória e, isto ocorreu no começo da nossa vida cristã. Se isto de fato for a verdade, segue-se logicamente que a partir disto viveremos uma nova vida ressuscitada pelo poder de sua ressurreição (Fp 3:10).

Tenho chamado a atenção para o fato de que a ressurreição de Cristo não acrescenta nada à expiação. A expiação foi consumada quando Cristo morreu na cruz. A ressurreição vindica as suas pretensões e garante que a sua morte foi uma vitória. A sua ressurreição não é o meio de nossa justificação (veja Rm 4:25), mas que efetuada a nossa justificação, foi por isso levantado dentre os mortos.

Há uma passagem da Escritura traduzida em nossa versão King James[1] de tal modo que indica que o batismo signifique a ressurreição de Cristo. Em Cl 2:12 após a referência de Paulo ao batismo, diz "...no qual fostes também ressuscitados com ele...". Isto é enganoso. A palavra traduzida "no qual" é construida como um pronome relativo neutro, se referindo ao batismo, mas o pronome relativo masculino é idêntico em forma, e, em minha opinião "em quem"[2] é o significado que deve ser entendido, ou seja, que concorda com a palavra "nele" que começa no versículo 11, e a palavra "com ele" no versículo 12: "sepultados com ele no batismo, em quem fostes também ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o levantou dentre os mortos." O nosso batismo significa a morte de Cristo, e é em Cristo, não no batismo, é que temos a vida ressuscitada.

Até onde concerne as regras literais da gramática tenho que admitir que o pronome relativo em Cl 2:12 pode ser construído como neutro, mas insistiria em que ao construí-lo como masculino, com referência a Cristo, concorda muito melhor com o contexto e com tudo o mais que se declara na Escritura quanto ao batismo cristão. A doutrina de que o batismo representa a ressurreição de Cristo descansa completamente sobre uma interpretação duvidosa de um pronome relativo. Não há nenhuma palavra no Novo Testamento para sustentar esta inverossímel interpretação.

4. O batismo cristão não é o batismo de João Batista
Ainda que o tipo particular de batismo praticado por João Batista não seja ordenado especificamente nos ritos levíticos deve-se, todavia, entendê-lo apropriadamente como uma parte do sistema de culto instituído pelo Senhor para ser guardado antes da vinda de Cristo, e antes do cumprimento de sua obra redentora na cruz. O batismo de João esperava Cristo. Deste modo, é declarado explicitamente que o batismo cristão significa a aceitação da morte de Cristo, como aquela que foi efetuada pelo seu povo, o batismo de João não poderia ter significação em si mesmo.

Assim foi como Paulo o explicou ao pequeno grupo em Éfeso que se refere em At 19:1-6: "João batizou com batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cressem naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus o Cristo."

Estes indivíduos foram homens de fé que criam em tudo o haviam ouvido acerca do Cristo que haveria de vir. Quando ouviram que ele já tinha vindo, foram batizados da maneira como Jesus havia ordenado.

5. O batismo cristão purificação do pecado
Que o batismo significa a purificação do pecado não é um segundo propósito nem um segundo significado. O batismo significa diretamente a nossa aceitação da expiação de Cristo efetivada na cruz. Mas, posto que por meio da expiação que o pecado é perdoado e apagado, é inteiramente apropriado referir-se ao batismo como uma limpeza, ou lavamento. Quando Pedro disse no dia de Pentecostes: "arrependei-vos, e sedes batizados, cada um de vós no nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2:38), não deu uma interpretação diferente do que Paulo declara explicitamente em Rm 6. O batismo significa a remissão de pecados pela expiação que Cristo efetuou, ao ser-nos aplicada essa expiação pelo Espírito Santo.

A palavra de Ananias a Paulo no momento do seu batismo, como Paulo o narra num testemunho mais tarde, envolve a comparação do batismo como o ato de lavar. Ananias disse: "agora, pois, por que te deténs? Levanta-te e seja batizado, e lave os teus pecados, invocando o seu nome" (At 22:16). A referência de lavar os pecados não implica num significado diferente do que temos em Rm 6. É pela expiação de Cristo que os pecados são apagados, e a metáfora de lavar é inteiramente apropriada. É o sangue de Cristo "que nos purifica" de todo pecado (1 Jo 1:7).

Notas:
[1] Esta é a versão usada pelo autor. Entretanto, a versão Revista e Atualizada da SBB adota a mesma linha de tradução.
[2] A NVI sugere a seguinte tradução de Cl 2:12: "isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos."

Extraído de J. Oliver Buswell Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion, págs. 250-253
Traduzido por:
Rev. Ewerton B. Tokashiki

19 dezembro 2007

Cristianismo como filosofia

Ao dizer que “o Cristianismo é como uma filosofia”, quero dizer que o Cristianismo oferece uma perspectiva compreensiva sobre o mundo (uma cosmovisão). Ele nos oferece um relato, não somente de Deus, mas também do mundo que Deus criou, a relação que mantém o mundo com Deus, e o lugar do ser humano dentro desse mundo, ou seja, a sua relação com a natureza e a sua relação com Deus. O Cristianismo trata a metafísica (a teoria da natureza fundamental do universo), a epistemologia (a teoria do conhecimento) e, os valores (a ética, a estética, a economia, etc.). Deste modo, ele oferece uma perspectiva completa sobre tudo. Creio que há um ponto de vista particular que o Cristianismo oferece sobre a história, a sociologia, a educação, as artes, os problemas filosóficos, etc. E, como vimos anteriormente, a autoridade de nosso Senhor é compreensiva; tudo o que fazemos está relacionado com Cristo (1 Co 10:31, etc.).

Assim, o Cristianismo entra em competição com o platonismo, o aristotelianismo, o empiricismo, o racionalismo, o ceticismo, o materialismo, o monismo, o pluralismo, o humanismo secular, o marxismo, o pensamento da teologia do processo, o pensamento da Nova Era, e com qualquer outra filosofia existente e que ainda há de surgir; compete também com outras religiões, como o Judaísmo, o Islamismo, o Hinduísmo e o Budismo. Uma das repercussões mais desafortunadas da idéia distorcida de que há sobre “a separação entre a Igreja e o Estado”, é que escola pública infantil é capaz de ouvir os proponentes de qualquer sistema de pensamento, exceto aqueles que são arbitrariamente qualificados como de uma “religião”. Pois, quem é capaz de dizer que não se pode encontrar alguma verdade em algumas destas posturas religiosas, ou uma verdade exclusiva dessa postura? E, falando em termos da liberdade de pensar e de crer, é justo limitar a educação pública aos pontos de vista chamados “seculares”? Não é isto também uma grande lavagem cerebral?

Além do mais, os separacionistas extremos [1] com freqüência se opõe em particular as expressões que ocorrem em público procedentes do Cristianismo, não sendo assim com as demais religiões. Com farta freqüência admitem sem objeção alguma, apresentações nas escolas que favorecem o misticismo oriental ou inclusive a bruxaria moderna; o que objetam é quando se trata do Cristianismo. Por inconseqüente que pareça, este procedimento especificamente anticristão realmente faz sentido. Pois como veremos mais a frente, é o Cristianismo, e não o misticismo oriental ou a bruxaria, e os ritos dos nativos americanos, o que se planta firmemente contra as tendências da mente humana não regenerada. O Cristianismo é excluído das escolas apesar de (ou talvez precisamente por que) oferece a única alternativa válida para a “sabedoria convencional” do aparato político e da sociedade moderna.

Todavia, essa “sabedoria convencional” nos legou um vasto aumento nos índices de divórcio, de aborto, de famílias com pais e mães solteiras, meninos de rua, dependentes de remédios, de quadrilhas, de crimes, a AIDS (e outros problemas de saúde, por exemplo, o ressurgimento da tuberculose), a falta de moradia, a falta de alimentos, o déficit governamental, os altos impostos, a corrupção política, a degeneração na arte, a mediocridade na educação, a falta de competitividade na indústria, grupos de interesses particulares exigindo toda espécie de “direitos” (direitos que não tem os suas responsabilidades correspondentes, e que vem a custa dos demais), a contaminação do meio ambiente, etc. Herdamos um governo “messiânico”, que reclama para si uma autoridade plena, e oferece solucionar todos os nossos problemas (“salvação” secular), mas que geralmente termina deixando as coisas pior. Nas instituições de ensino superior, anteriormente bastões da liberdade intelectual, agora propagam-se idéias do “politicamente correto”. A cultura em geral agora permite o uso de um vocabulário anteriormente considerado vulgar, ofensivo e blasfemo. Criou-se um ambiente em que a música popular (do estilo “rap”) incentiva as pessoas matar os guardiões da ordem.

Sendo assim, as circunstâncias em que vivemos nos leva a questionar se não deveríamos estar pensando em outras alternativas para esta suposta “sabedoria convencional”? Ou, será que só existe uma alternativa? Deste modo, - e a tese que aqui sustento de que existe - então devemos levar tal alternativa muitíssimo a sério.

Com a finalidade de apresentar o Cristianismo como sendo a única alternativa, ou, em outras palavras, como sendo a única opção viável, permitam-me expor o conteúdo do Cristianismo como filosofia: isto é, como metafísica, como epistemologia e como sistema de valores (com ênfase particular na ética). Com relação a isto, também creio na importância de dizer que o Cristianismo é evangelho (ou seja, boas novas), e talvez, este seja o mais importante aspecto dos anteriores. Mas, isto diremos no devido momento. Reconhecemos que em nossos tempos modernos, por assim dizer, em comparação com a sociedade de 600 anos atrás, as pessoas de hoje ignoram a perspectiva cristã sobre o mundo. Por isso, devem entender a perspectiva cristã sobre o mundo (a filosofia cristã), de modo que possa fazer sentido para eles o aspecto chamado evangelho, as boas novas.

Notas:
[1] Aqui John M. Frame reflete neste texto o cenário do sistema político e educacional dos EUA. Embora no sistema educacional brasileiro a disciplina "religião" esteja presente no ensino público, não sendo obrigatório, assuntos como teoria da evolução é tratada como "ciência" e qualquer discordância quanto à filosofia naturalista que sustenta esta teoria é rotulada como "obscurantismo religioso" (NT).

Extraído de John M. Frame, Apologetics to the Glory of God, págs. 31-34.
Tradução livre:
Rev. Ewerton B. Tokashiki

07 dezembro 2007

Estou postando!

Ad lectorum

Caros visitantes deste blog, peço desculpas por não postar nenhum artigo por este período. Mas, como pastor o meu final de ano é recheado de tarefas e compromissos próprios deste mês, que diga-se de passagem é fechamento do ano.

Penso que semana que vem devo retornar às postagens. Todavia, se alguém quiser ler alguns pequenos textos acerca de "por que somos presbiterianos?" acesse o blog Família da Aliança e acompanhe os artigos semanais desta série.

Um abraço e até semana que vem!

Rev. Ewerton B. Tokashiki